Nos últimos
anos, principalmente de 1989 a 1991, o mapa-múndi político sofreu
transformações radicais. Novos estados-nações (países) surgiram e outros
desapareceram.
Como
exemplo disso, podemos citar a antiga Alemanha Oriental, hoje uma província da
Alemanha reunificada. Ou antiga Tchecoslováquia, hoje em dois novos
estados-nações: a República Tcheca e a Eslováquia. Contudo, as mudanças mais
surpreendentes aconteceram na Iugoslávia e na União Soviética. A Iugoslávia,
além de ter sido dividida em cinco novos países (Croácia, Eslovênia, Bósnia,
Macedônia e Iugoslávia), conheceu uma sangrenta guerra civil pela partilha da
Bósnia-Herzegóvina. A União Soviética, por sua vez, viu-se obrigada a
fragmentar-se em 15 nações independentes.
Do ponto de
vista geopolítico, é possível comparar esse período a um outro do nosso século,
quando também aconteceram mudanças profundas no mapa-múndi, por ocasião da segunda
guerra mundial. Nesses dois momentos ocorreram não apenas mudanças
geopolíticas, mas também uma crise de uma ORDEM MUNDIAL e a emergência de uma
outra.
Antes da
segunda guerra mundial havia uma ordem multipolar, ou seja, com base em vários
pólos ou centros de poder que disputavam a hegemonia internacional: Inglaterra,
ex-grande e exclusiva potência mundial no século XIX, em decadência hegemônica;
a França e em especial a Alemanha, grandes concorrentes no
continente europeu; os EUA, grande potência da América; o Japão,
que se lançava numa aventura imperialista no leste e sudeste asiático; e por
fim a imensa Rússia, fortemente militarizada. O final da grande guerra trouxe
um novo cenário: as potências européias estavam arrasadas e conseqüentemente
seus impérios na Ásia e África; o Japão, igualmente arrasado, perdeu as áreas
que havia conquistado no extremo oriente(Coréia, Manchúria, partes da Sibéria,
etc.). Duas novas potências mundiais – EUA e União Soviética – lotearam o mundo
entre si. Foi a época da BIPOLARIDADE, a nova ordem mundial, que durou cerca de
45 anos, desde o final da segunda guerra até meados de 1991.
O mundo
bipolar foi marcado pela eterna disputa entre capitalismo e socialismo, tendo
os EUA e a União Soviética de cada lado, respectivamente. Os EUA, líderes
político-econômicos do mundo capitalista . A União Soviética, a guardiã e o
exemplo a ser seguido no mundo socialista.
Esse Status
que começou a ser mudado com a ascensão do Japão e da Europa Ocidental, que
passaram a disputar a supremacia internacional com os EUA, e ao esgotamento do
modelo soviético.
A Regionalização do Espaço Mundial
Existem
inúmeras divisões do espaço geográfico mundial, mas podemos separar duas formas
de regionalização mais conhecidas e utilizadas. Uma é a setorização da Terra
por critérios naturais, em especial pelos continentes. A outra é a
divisão do espaço mundial por critérios sociais ou político-econômicos:
o Norte(países ricos e industrializados) e o Sul(países pobres ou
subdesenvolvidos).
A primeira
classificação tem como base a geologia, ou seja, o resultado de uma divisão
natural operada ao longo do tempo geológico, que separou os continentes.
A segunda
forma de classificar toma como referência a sociedade. É uma divisão do
espaço com base em elementos político-econômicos. O homem aqui é visto como
agente principal, transformando o seu meio natural.
De forma
simplificada, podemos afirmar que aqueles estudos que têm na Terra(natureza) o
seu referencial, fazem parte da chamada geografia tradicional.
Por outro
lado, também simplificando um pouco, podemos dizer que aqueles estudos que
referenciam-se na sociedade, enquadram-se na chamada geografia crítica.
Trata-se de uma geografia que entende o espaço geográfico como produto da
atividade humana.
Dos Três Mundos à Oposição Norte/Sul
A
regionalização do espaço mundial com base em critérios sociais sempre está
ligada ordem internacional que prevalece num certo momento, ao equilíbrio
instável dos países e os grupos de países, à disputa (ou cooperação) entre as
grandes potências mundiais. Após 1945 o mundo dividiu-se em três
"mundos" ou conjuntos de países: o primeiro mundo(países
capitalistas desenvolvidos); o segundo mundo (países socialistas ou de
economia planificada); e o terceiro mundo (áreas periféricas ou
subdesenvolvidas, com freqüência marcadas por disputas entre capitalismo e
socialismo).
Para
entendermos a regionalização atual, dos anos 90 e início do século XXI, temos
que estudar a crise do segundo mundo e como essa crise vem reforçando a
oposição entre o Norte e o Sul.
Os Sistemas Sócio-Econômicos
Capitalismo
e socialismo são dois tipos de sistemas bastante diferentes entre si. Podemos
dizer que o capitalismo caracteriza-se por apresentar uma economia de
mercado e uma sociedade de classes. O socialismo, por sua vez,
basicamente constitui-se por uma economia planificada e uma sociedade teoricamente
sem classes.
A sociedade
capitalista é dividida basicamente em duas classes sociais: a burguesia,
composta pelos capitalistas, donos dos meios de produção(fábricas, bancos,
fazendas, etc.), e o proletariado(urbano e rural), que vive de salários,
trabalhando para os donos do capital. No entanto, existem indivíduos que não se
enquadram em nenhuma destas classes, como por exemplo os profissionais
liberais (advogados com escritório próprio, médicos c/consultório
particular, etc.).
Na economia
planificada, o elemento principal do funcionamento do sistema econômico
(produção, consumo, investimentos, etc.) é o plano e não o mercado.
Nesse sistema os meios de produção são públicos ou estatais,
quase não existindo empresas privadas.
Teoricamente, não deveria haver estratificação
social nesse sistema, mas o que se verificou na prática foi o surgimento de uma
elite burocrática que dirigia o sistema produtivo, constituindo-se em
nova classe dominante.
O Reforço das disparidades entre o Norte e o Sul
Com a crise
do mundo socialista, aumenta a oposição entre o Norte e o Sul. Isso, porque
deixa de haver o conflito LESTE/OESTE, ou seja, entre o socialismo real
o capitalismo.
As duas
superpotências das últimas décadas tinham um poderio avassalador e nenhum
conflito importante no plano mundial deixava de ter a participação direta ou
indireta delas.
Nessa
época, a oposição entre o Norte rico e o Sul pobre nunca transparecia
claramente, porque estava sempre abafada pelo conflito LESTE/OESTE.
O segundo
mundo chegou a abranger cerca de 32% da população mundial no início dos anos
80, mas hoje ele praticamente não existe mais. Assim, colocando-se os antigos
países socialistas mais pobres ou menos industrializados (China, Mongólia,
Camboja, Vietnã, Cuba, etc.) no Sul subdesenvolvido, e os mais industrializados
(Rússia, Hungria, Polônia, República Tcheca, etc.) no Norte, temos a oposição
entre o Norte desenvolvido, com 23% da população mundial, e o Sul com 71% desse
total demográfico. Esta é a principal oposição mundial dos anos 90.
As Disparidades tendem a aumentar
A oposição
entre o Norte e o Sul tem ainda um outro motivo para se acentuar: as
desigualdades internacionais, que vêm aumentando desde os anos 80 e devem se
agravar ainda mais até o início do século XX. O PNB dos ricos sempre tem
aumentado, enquanto os de grande parte dos países pobres tem diminuído,
especialmente na África. De forma resumida, podemos dizer que isso se deve ao
seguinte: enquanto as economias mais avançadas estão atravessando a chamada Revolução
técnico-científica, com substituição de força de trabalho desqualificada
por máquinas, com a expansão da informática, etc., os países mais pobres só têm
duas coisas a oferecer – matérias-primas e mão de obra barata -, e esses
elementos perdem valor a cada dia. Somente os países com uma força de trabalho
qualificada (resultado de um ótimo sistema educacional) e tecnologia avançada é
que possuem condições ideais para o desenvolvimento..
O Subdesenvolvimento
De forma
sucinta, podemos definir o subdesenvolvimento como uma situação
econômico-social caracterizada por dependência econômica e grandes desigualdades
sociais.
Subordinação ou dependência econômica
Todos os
países do Sul ou do terceiro mundo são economicamente dependentes dos países
desenvolvidos. Tal dependência manifesta-se de três maneiras:
I. Endividamento externo –
normalmente, todos os países subdesenvolvidos possuem vultosas dívidas para com
grandes empresas financeiras internacionais.
II. Relações comerciais
desfavoráveis – geralmente, os países subdesenvolvidos exportam produtos
primários (não industrializados), como gêneros agrícolas e minérios. As
importações, por sua vez, consistem basicamente de produtos manufaturados,
material bélico e produtos de tecnologia avançada (aviões, computadores, etc.).
Esta relação comercial revela-se terrivelmente desvantajosa , pois os artigos
importados têm valor agregado bem maior do que os exportados, e ainda se
valorizam mais rapidamente.
III. Forte influência de empresas
estrangeiras – nos países subdesenvolvidos, boa parte das principais empresas
industriais, comerciais, mineradoras e às vezes até agrícolas é de propriedade
estrangeira, possuindo a matriz nos países desenvolvidos. São as chamadas multinacionais.
Uma grande parcela dos lucros dessas empresas é remetida para suas matrizes, o
que provoca descapitalização no terceiro mundo.
Grandes Desigualdades Sociais
Em todos os
países subdesenvolvidos, a diferença entre ricos e pobres é muito mais
acentuada do que nos países desenvolvidos. Por exemplo, na Colômbia, 2,6% da
população possui 40% da renda nacional; no Chile, 2% dos proprietários possuem
50% das terras agrícolas. Dessa forma, a população de baixa renda acaba
sofrendo de sérios problemas de subnutrição, falta de moradias, atendimento
médico-hospitalar inadequado, insuficiência de escolas, etc.
Como Definir a Nova Ordem?
A nova
ordem costuma ser definida como multipolar. Isso quer dizer que existem vários
pólos ou centros de poder no plano mundial. Hoje temos três grandes potências
mundiais de poderio econômico, tecnológico e político-diplomático: EUA, Japão
e a União Européia.
Assim, o
século XX começou com uma ordem multipolar, passou para a bipolaridade e
termina com uma nova multipolaridade. Que diferenças existem entre a
multipolaridade deste fim de século e aquela do início?
A primeira
grande diferença é que no início do século havia somente um agente no cenário
internacional: o Estado Nacional (como, por exemplo, Inglaterra, Alemanha,
etc.) e tudo giravam ao redor de suas relações econômicas e político-militares.
Já nos dias hodiernos há um relativo enfraquecimento do estado-nação e um
fortalecimento de outros agentes internacionais – a ONU, em primeiro lugar, e
também as empresas multinacionais e as diversas organizações mundiais
(governamentais e não-governamentais) que atuam nas áreas ambiental, econômica,
cultural, técnica, etc.
Em segundo
lugar, no início do século vivia-se uma situação de pré-guerra: as rivalidades
entre potências conduziam inevitavelmente a conflitos bélicos entre si, o que
ocorreu efetivamente de 1914 a 1918 e novamente de 1939 a 1945. Hoje isso é
extremamente improvável de acontecer, pois no lugar de uma disputa acirrada
pela hegemonia mundial, existe uma crescente cooperação , uma interdependência,
inclusive com a criação de mercados regionais ou blocos econômicos.
Dessa forma, as três grandes potências são ao mesmo tempo rivais e associados,
possuem alguns interesses conflitantes e inúmeros outros em comum.
A ordem
mundial era tida como dicotômica ou dualista, ou seja, predominava a oposição
entre o bem e o mal, entre o capitalismo e o socialismo. A nova ordem é pluralista,
ou seja, possui várias frentes de oposição, como RICOS/POBRES; CRISTÃOS/ MUÇULMANOS
(ISLÂMICOS); INTERESSES MERCANTIS/CONSCIÊNCIA ECOLÓGICA, etc.
Fonte:
disponível em www.vestibular1.com.br
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Um comentário:
Parabéns Reinaldo por essa inciativa, que além de fornecer notícias, fornece também conhecimento.
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