quinta-feira, 8 de março de 2012

DIA DA MULHER


VOCÊ SABIA?

AS ORIGENS: INCÊNDIO, MORTES E REVOLTA:
Não se sabe exatamente quando foi ou mesmo se o fato realmente ocorreu. Mas é comum que se relacione o Dia Internacional da Mulher a um incêndio criminoso que teria ocorrido na fábrica de tecidos Cotton, em Nova York, nos Estados Unidos, no ano de 1857, e que teria matado mais de 120 trabalhadoras. O incidente teria desencadeado uma série de movimentos de luta pelos direitos femininos.
Segundo a historiadora Mary Del Priore, o crime, ocorrido durante um momento de eclosão de diversas passeatas de mulheres nos Estados Unidos, nunca foi comprovado.

LUTA POR DIREITOS IGUAIS:
A partir do século XIX, com o maior ingresso das mulheres no mercado de trabalho, especialmente nas fábricas surgidas durante a Revolução Industrial, surgem diversos movimentos em prol de melhores condições e direitos iguais para elas. Iniciadas na Europa, essas manifestações passam a ganhar maior força durante o início do século seguinte, alastrando-se para outros países, como EUA e Brasil. É dentro desse contexto que surge a iniciativa de se criar o Dia Internacional da Mulher.
“Essa comemoração está articulada com o movimento de união dos operários que atravessa o século XIX, junto com a situação das mulheres, que eram extremamente exploradas, e que começam a participar mais ativamente da vida pública e, em especial, do mundo do trabalho” explica a historiadora Mary Del Priore, que também ressalta a importância da mobilização das mulheres operárias de São Petersburgo na Revolução Russa de 1917. Além disso, nesse período, houve o surgimento de congressos socialistas e comunistas, que encontraram em militantes como a sindicalista alemã Clara Zetkin, na foto, porta-vozes contra a exploração de que as mulheres eram vítimas.

DIREITO AO VOTO:
Além das lutas por melhores condições de trabalho, o Dia Internacional da Mulher se insere em outras reivindicações femininas, como o direito ao voto, que chegou em diferentes momentos aos quatro cantos do mundo. Após o direito ser conquistado primeiramente pelas mulheres na Nova Zelândia, em 1893, o movimento, conhecido como sufragistas, buscou que essa conquista fosse ampliada, o que foi gradualmente ocorrendo ao longo do século XX.
“Esse movimento se junta à luta pelo voto feminino, que vai dando musculatura a essa celebração. Entretanto, o importante é menos a data e mais o que está por trás: a mobilização das mulheres” destaca a historiadora Mary Del Priore. Na imagem mulheres protestam pelo direito ao voto.

DEFINIÇÃO DO DIA 8 DE MARÇO:
Qual o motivo específico para o Dia Internacional de a Mulher ser comemorado no dia 8 de março? Além da simbologia do dia, celebrando as conquistas e as lutas femininas por direitos iguais, não há uma razão específica para ele ser comemorado nessa data, instituída em 1975 pela ONU.
“Tem a ver com a data estabelecida pela ONU, para celebrar a enorme luta das mulheres, que passa a ser reconhecida”, frisa a historiadora Mary Del Priore.

SEM RESISTÊNCIAS:
Durante as primeiras décadas do século XX, quando se discutia a idéia da criação de um dia da mulher, houve resistência de alguns setores da sociedade, que consideravam tal ideia descabida? Pelo contrário. Devido a sua importância histórica, dentro do contexto de luta por melhores condições para as mulheres, a instituição do Dia Internacional da Mulher foi rapidamente aceita pela sociedade.
“Não houve resistência nenhuma à data, e esses anos, especialmente as décadas de 1920 e 1930, foram de muitas conquistas para as mulheres. Datas como essa acabam sacramentando as lutas”, ressalta a historiadora Mary Del Priore.

CONQUISTAS NO BRASIL:
Apesar das brasileiras conquistarem o direito ao voto apenas em 1932, os movimentos pela luta de melhores condições para as mulheres no País remonta ainda ao início do século XIX. Já em 1813, o baiano Domingos Borges de Barro defendia, nas cortes portuguesas, a participação da mulher na política. Em 1879, elas tiveram o direito de frequentar instituições de ensino superior. Também merecem destaque a fundação da Federação Brasileira pelo Progresso Feminino, em 1922, a eleição da primeira prefeita brasileira, Alzira de Souza, em Lages (RN), em 1928, e a criação da Cruzada Feminista Brasileira, em 1931.
“Na segunda metade do século XIX, tem início esse debate sobre a proclamação da república, e as mulheres e o jornalismo já se dão as mãos para a instauração da república. A partir daí, é rápido o aparecimento de feministas que irão aumentar a participação da mulher em diversos setores da sociedade, como a política”, afirma a historiadora Mary Del Priore. Na imagem, mulheres brasileiras protestam por direitos em Brasília .

MOVIMENTOS DO PÓS-GUERRA:
É comum que se diga que o Dia Internacional da Mulher permaneceu esquecido durante vários anos, apesar de conquistas como a carta da ONU que reconheceu a igualdade de direitos entre homens e mulheres, em 1945, voltando a ganhar destaque apenas com os movimentos feministas da década de 1960. Entretanto, o caráter dessas manifestações não foi o mesmo das mobilizações ocorridas durante as primeiras décadas do século, já que levantava outras bandeiras, como a liberação sexual. Além disso, em países como o Brasil, essas mudanças tornaram-se mais importantes décadas depois.
“Esse movimento só vai se tornar importante no Brasil a partir dos anos 80, quando surgem os movimentos pelos direitos das minorias; não é exclusivo das mulheres. Isso tem muito mais a ver com a libertação sexual da mulher, as próprias letras de músicas como (I can’t get no) Satisfaction, ou as de artistas como Simone, Ivan Lins e Chico Buarque, cantavam essa libertação da mulher. Na verdade, a data é importante apenas para um determinado grupo de pessoas, e também tinha muito a ver com o consumo, com os modismos da época”, completa a historiadora Mary Del Priore.

A DATA E AS MULHERES NO MERCADO DE TRABALHO:
Não se sabe exatamente quando foi ou mesmo se o fato realmente ocorreu. Mas é comum que se relacione o Dia Internacional da Mulher a um incêndio criminoso que teria ocorrido na fábrica de tecidos Cotton, em Nova York, nos Estados Unidos, no ano de 1857, e que teria matado mais de 120 trabalhadoras. O incidente teria desencadeado uma série de movimentos de luta pelos direitos femininos.
Não existe essa relação, porque esse fenômeno data dos anos 1980, época da associação de dois fatores: a democratização da pílula e a migração do campo para a cidade, com uma entrada muito grande da mulher no mercado de trabalho. Elas também ingressam nas universidades, e ocorre uma feminização de setores da sociedade, como o direito e a comunicação. Mas esse processo tem muito mais a ver com o contexto do País, a data apenas consolida certas transformações. Ela, por si só, não é responsável por nada', destaca. Na imagem, Sunita Choudhury, primeira mulher motorista de auto-rickshaw, em Nova Délhi, Índia.

FIM DAS LUTAS COLETIVAS:
Passados cerca de 100 anos dos protestos e movimentos que pleiteavam melhores condições sociais para as mulheres, e que geraram uma ânsia pela criação de um dia comemorativo para elas, o que sobrou desse espírito de luta e mobilização por direitos iguais?
“Eu acho que é um dia cuja origem pouca gente conhece, as lutas coletivas que inspiraram o dia desapareceram. Muitas mulheres lutaram por agendas comunitárias durante os anos 70 e 80, e essas agendas foram muito importantes, mas hoje perdemos esse foco”, aponta a historiadora Mary Del Priore que, por outro lado, destaca movimentos importantes, como a luta por agendas coletivas em países africanos e iniciativas francesas discutindo temas como a sexualização precoce das meninas.

CONQUISTAS E DESAFIOS:
Se o espírito inicial do contexto em que surgiu a ideia de instituir o Dia Internacional da Mulher perdeu parte de sua força ao longo dos anos, atualmente, quais são as principais conquistas femininas e quais os desafios ainda existentes? Podemos destacar a maior participação da mulher no mercado de trabalho e também em setores como a política, por exemplo. Entretanto, se em países como a França e Alemanha existem projetos nacionais que combatem a objetificação do sexo feminino em anúncios publicitários e costumes fortes no sentido da mulher sentir-se mais independente, em outras partes do mundo, como no Brasil, o quadro não é o mesmo. Apesar de conquistas nas áreas política, econômica e sexual, os desafios ainda estão presentes.
“Uma das grandes igualdades que a mulher brasileira conseguiu foi eleger prefeitas, vereadoras, deputadas, mas é interessante ver que as políticas usam esse poder para roubar também. É incrível ver como essa luta está sendo mal utilizada: o Brasil não tem um projeto de combate à gravidez na adolescência, várias questões que poderiam ser discutidas estão ficando em segundo plano. Existem preconceitos muito introjetados na mulher brasileira, e enquanto nós tivermos esse nível de falta de consciência, é difícil pensar em projetos maiores”, comenta a historiadora Mary Del Priore.
 (FONTE: www.terra.com.br)

Parabéns a todas as mulheres de Rondon, do Brasil e do Mundo...

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