quarta-feira, 4 de abril de 2012

Crianças Índigo e Cristal

Índigo Blue!



Na porta do restaurante, Ana Luisa paralisou diante do rapaz que lhe dava as boas-vindas. Observou com interesse aquela criatura de aparência inusitada e lançou um olhar intrigado para mim, seguido de uma exclamação.
-Tia, olha pra ele! Olha!
Em meio ao meu silêncio desconcertante, a minha linda sobrinha, então com 5 anos, disparou contra o moço:
- Você é adulto ou criança?
- Sou adulto! Respondeu o anão, do alto de seus 1 metro e 10 centímetros.
-Adulto? Hum…..Então você não comeu tudo!!!

A minha gargalhada irrompeu abruptamente, tão inesperada quanto a demonstração de sagacidade da garota.
Ana Luísa nunca vira um adulto daquele tamanho e achara que ele tinha baixa estatura porque se recusara a seguir o conselho diário de sua mãe:
- Se você não comer tudo, Lulu, não vai crescer !
Para além da piada nada politicamente-correta, o que me chamou a atenção nesta história foi a capacidade da criança, de tão pouca idade, de assimilar ensinamentos e fazer associações e inferências, com todo sentido. Não se trata de corujice, caro leitor. Existe mesmo um consenso de que os meninos e meninas de hoje estão bem mais espertos.
Há os que atribuem esse desenvolvimento “precoce” à quantidade de estímulos a que são submetidos desde os primeiros meses de vida. Estímulos decorrentes especialmente dos avanços da tecnologia, ausentes nas gerações passadas. Fatores como a mídia, por exemplo, tem um enorme impacto na formação deles. Só de programação televisiva, uma criança, ao chegar na idade escolar, já assistiu em média, mais de cinco mil horas.
Há também uma corrente que defende o surgimento de uma nova geração formada por seres especiais. As “crianças índigo”, responsáveis por uma Nova Era para a Humanidade, trazem um DNA modificado. Segundo a teoria, elas possuem uma estrutura cerebral diferente. Os dois hemisférios, direito e esquerdo, são integrados, o que faz com que tenham a capacidade inata de ver “o todo” ao invés de ver a realidade de forma fragmentada. Eles detêm a chamada visão holística ou sistêmica como um traço natural. Isso quer dizer que elas vão além do plano intelectual. Têm habilidades sociais mais refinadas, maior sensibilidade e desenvolvimento profundo de questões ético-morais. As “crianças índigo” formariam uma sociedade mais autêntica, transparente, verdadeira, com maior confiança nos relacionamentos. Elas também nos ajudariam a mudar o foco do eu para o próximo.

A teoria sobre a geração índigo, também conhecida como “geração y”, não tem comprovação científica, mas não deixa de ser um alento quando imaginamos um mundo melhor para os nossos filhos, onde seja possível resgatar a qualidade das relações humanas e a fertilidade de um planeta degradado, já estéril em muitas de suas aptidões.
Resta saber se nós, pais, teremos a sabedoria para enxergar o novo, disposição para encarar os desafios e interesse em investir neste magnífico potencial dos protagonistas do futuro, por meio de uma educação baseada em valores éticos, atitudes de respeito à diversidade e comportamentos ecologicamente orientados. Embora mais evoluídos, nossos rebentos não chegam prontos. E é por meio dos exemplos materno e paterno nas miudezas do cotidiano, nas brincadeiras, nas conversas e em cada pequena ação que eles crescem e transformam a sociedade.

A semente da chamada “Revolução verde”está em nossas mãos. E o preparo da Terra tem que começar já. Mas o esforço exige uma profunda mudança de mentalidade.
A nossa geração foi concebida sob o manto do desrespeito ao meio-ambiente. Fomos criados com a falsa ideia de que os recursos naturais sao inesgotáveis. Para que economizar água se o Brasil tem a maior reserva de água doce do planeta? Para que fazer a coleta seletiva do lixo, se a prefeitura vai misturar os dejetos e destiná-los aos aterros já saturados? Para que aderir ao cosumo consciente, se o sistema funciona na direção oposta? Para que adotar um estilo de vida sustentável, se as grandes e poderosas forças da economia insistem em manter os velhos paradigmas de produção? Para que mudar, se o pior virá de qualquer jeito e não há quem possa com a fúria da natureza?
A resposta reside na capacidade de reinvenção do ser humano. Na possibilidade de se supreender com a sua sina visionária, passada de geração em geração.
Se as boas novas chegam por meio dos nossos pequeninos, só nos cabe “cuidar do broto, pra que a vida nos dê flor e fruto!” aqui

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