O texto fala sobre
política. Desafio você a lê-lo até o final.
Henri Lefebvre, filósofo marxista e sociólogo
francês
“No momento em que acaba
de conquistar o mundo e inicia a conquista do universo, o homem (individual)
mesmo é supérfluo. Só contam as massas fervilhantes, gigantescas. Então porque
pensar, porque refletir, agir ou reagir? Cada homem sendo substituível, e além
do mais inútil, busquemos o homem insubstituível e necessário, e deixemos a ele
a tarefa de pensar e agir em nosso lugar”. (H. Lefèbvre, La Somme et le
Reste). (Publicado originalmente na Revista Mosaico
4)
Deixemos a ele a
tarefa de pensar e agir em nosso lugar. O final do trecho da reflexão de Henri
Lefèbvre, filósofo marxista e sociólogo francês, exprime fielmente a atitude
inerte dessa sociedade. Considera-se inertes, meus caros colegas, aqueles que
insistem em dizer simplesmente: “Não discuto política”; “Não gosto”. E pior:
“As pessoas que discutem sobre isso são chatas. Estragam minha noite e minha
balada”.
Quem imagina não estar inserido
na chamada “participação política” está enganado. Primeiramente, pelo fato de
que “votam” – entre aspas, e acho propício explicar o porquê: a escolha do voto
no Brasil é pior do que escolher um produto novo no mercado: “Ah, esse eu não
conheço. Mas não custa experimentar, né?”.
Não os culpo. Nem a mim,
claro, que ainda não sei bem como melhorar minhas atitudes. Não tivemos
política na escola. Muito menos na universidade. Nossos pais, se nos ensinam
algo é sob um ponto de vista totalmente parcial. Não fomos treinados a isso. Se
você é uma exceção, eu o(a) invejo.
Neste momento, somos
praticamente eu e você, caro leitor, pois imagino que você é um dos poucos que
chegou nessas linhas que agora se desenvolvem.
E o mais triste é saber que
pouco tenho a lhe dizer, considerando que ainda me faltam faculdades teóricas
para compreender a política que nos cerca. Mas, continuo insistindo nessa
tentativa – por enquanto frustrada – de ser menos egoísta. Justamente, por que
acredito que fazer e entender política é, na verdade, se preocupar com o
próximo.
Sim, porque nos tempos
atuais são dois grupos que se interessam por política: aqueles que querem
dominar e aqueles que não estão satisfeitos com a sociedade. Se você não é
nenhum deles, fique “feliz”! Pelo menos você não é massacrado pela opinião
pública. E ainda pode fingir que é uma boa pessoa. Afinal, você “não é”
corrupto.
Infelizmente, – e os
políticos honestos que me desculpem, pois tento acreditar que eles possam
existir – somos comandados por falsos sábios oportunistas. Platão deve se
revirar no túmulo, logo ele, que não acreditava na democracia e julgava que
nossa sociedade deveria ser comandada por sábios. Mas não existem sábios no
capitalismo. Marx bem sabe. Existem espertos – aqueles que estão favoráveis a sua,
a minha, a toda e qualquer alienação.
Mas, eu não sou ninguém. Só
mais um ser humano substituível, como diria Lefèbvre. Um homem que pouco antes
de sua morte declarou: “Devo continuar o meu combate pela teoria? Por vezes,
pergunto-me se perdi o meu tempo”.
Sorte dele não estar aqui para ver. Azar nosso.aqui
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