Você
sabe como a Lua se formou? De acordo com as teorias mais aceita, um corpo
celeste com o tamanho aproximado de Marte, chamado Theia, se chocou
violentamente com a Terra. Simulações em computadores mostram que essa é uma
teoria plausível, após uma colisão gigantesca como essa, há 4,5 bilhões de
anos, material terrestre (basicamente rocha derretida, como lava vulcânica) se
destacou da Terra, formando um anel ao seu redor e posteriormente se aglutinou
num corpo separado que finalmente se resfriou, tornando-se a Lua. Tudo isso
teria acontecido nos primórdios do Sistema Solar. Mesmo sem nenhuma evidência
da existência de Theia, essa é a teoria mais aceita: a Lua teria pai e mãe.
Ou era, pelo menos.
Se dois objetos deram origem a Lua, seria
esperado que ela tivesse características de ambos objetos, da Terra e de Theia,
da mesma maneira que qualquer ser humano recebe a carga genética do pai e da
mãe. Mas não foi isso que um teste de “paternidade” feito com material lunar
revelou.
Um time de pesquisadores da Universidade de
Chicago analisou amostras do solo lunar trazida pelos astronautas da Apollo na
década de 1970. Essas amostras já foram analisadas várias e várias vezes, mas
esse estudo traz uma novidade – os pesquisadores focaram o trabalho nos
isótopos de titânio. A razão para se basear nesse elemento é que ele é
altamente refratário. Em outras palavras, mesmo em altíssimas temperaturas, ele
permanece sólido ou, no máximo, se derrete, enquanto outras substâncias já
teriam se vaporizado. Com isso, é esperado que mesmo que um impacto violentíssimo
tenha arrancado material em altíssima temperatura, o titânio não se perderia. O
material ejetado teria carregado o titânio da Terra, diluído pelo material de
Theia que teria se misturado a ele.
Mas as análises das amostras trazidas pelas Apollos
15, 16 e 17 resultaram em uma quantidade de titânio idêntica à quantidade desse
mesmo elemento na Terra! Isso significa que não houve qualquer mistura de
material de um segundo corpo, eliminando a necessidade da existência de Theia.
Esse é um duro golpe na teoria padrão de formação da Lua.
E agora?
Três possíveis cenários foram levantados pelo
time de cientistas de Chicago, mas nenhum deles é muito convincente. No
primeiro, o impacto teria sido tão violento que até mesmo o titânio teria se
vaporizado e, assim, tanto a Terra quanto Theia e mesmo a Lua teriam misturado
seus materiais a ponto do titânio ter se depositado em quantidades iguais nos
três corpos. Mas, nesse caso, as simulações mostram que o material ejetado
teria voltado quase todo para a Terra. A Lua seria muito menor do que é, e
talvez nem mesmo existisse.
A segunda hipótese sugere que a Terra e Theia
teriam a mesma composição química. Isso também é altamente improvável, já que a
Terra se formou a partir de impactos de milhares de corpos celestes com
diferentes composições químicas. O mesmo não poderia ter acontecido com Theia.
A última das hipóteses sugere que um objeto
composto unicamente por gelo, sem nenhum titânio, teria se chocado com a Terra.
Mas um objeto como esse não existe no Sistema Solar. Qualquer objeto rico em
gelo possui um núcleo rochoso, que teria deixado sua assinatura na formação da
Lua.
Moral da história: depois de 40 anos, as amostras
trazidas pelas missões Apolo puseram em xeque a teoria mais aceita para a
formação da Lua. Mesmo depois de tanto tempo elas se mostraram
importantíssimas. Além disso, quem trabalha na área vai ter muita coisa para
fazer.
(fonte http://g1.globo.com/platb/observatoriog1/2012/04/26/o-teste-de-dna-da-lua/)
Nenhum comentário:
Postar um comentário