A humilhação no trabalho envolve os fenômenos vertical e horizontal.
O fenômeno vertical se caracteriza
por relações autoritárias, desumanas e aéticas, onde predominam os desmandos, a
manipulação do medo, a competitividade, os programas de qualidade total
associado à produtividade. Com a reestruturação e reorganização do trabalho,
novas características foram incorporadas à função: qualificação,
polifuncionalidade, visão sistêmica do processo produtivo, rotação das tarefas,
autonomia e ’flexibilização’. Exige-se dos trabalhadores/as maior escolaridade,
competência, eficiência, espírito competitivo, criatividade, qualificação,
responsabilidade pela manutenção do seu próprio emprego (empregabilidade)
visando produzir mais a baixo custo.
A ’flexibilização’ inclui a agilidade das empresas diante do
mercado, agora globalizado, sem perder os conteúdos tradicionais e as regras
das relações industriais. Se para os empresários competir significa ’dobrar-se
elegantemente’ ante as flutuações do mercado, com os trabalhadores não acontece
o mesmo, pois são obrigados a adaptar-se e aceitar as constantes mudanças e
novas exigências das políticas competitivas dos empregadores no mercado global.
A "flexibilização", que na prática significa desregulamentação
para os trabalhadores/as, envolve a plrecarização, eliminação de postos de
trabalho e de direitos duramente conquistados, assimetria no contrato de
trabalho, revisão permanente dos salários em função da conjuntura, imposição de
baixos salários, jornadas prolongadas, trabalhar mais com menos pessoas,
terceirização dos riscos, eclosão de novas doenças, mortes, desemprego massivo,
informalidade, bicos e sub-empregos, dessindicalização, aumento da pobreza
urbana e viver com incertezas. A ordem hegemônica do neoliberalismo abarca
reestruturação produtiva, privatização acelerada, estado mínimo, políticas
fiscais etc. que sustentam o abuso de poder e manipulação do medo, revelando a
degradação deliberada das condições de trabalho.
O fenômeno horizontal está
relacionado à pressão para produzir com qualidade e baixo custo. O medo de
perder o emprego e não voltar ao mercado formal favorece a submissão e
fortalecimento da tirania. O enraizamento e disseminação do medo no ambiente de
trabalho, reforça atos individualistas, tolerância aos desmandos e práticas
autoritárias no interior das empresas que sustentam a ’cultura do contentamento
geral’. Enquanto os adoecidos ocultam a doença e trabalham com dores e
sofrimentos, os sadios que não apresentam dificuldades produtivas, mas que
’carregam’ a incerteza de vir a tê-las, mimetiza o discurso das chefias e
passam a discriminar os ’improdutivos’, humilhando-os.
A competição sistemática entre os trabalhadores incentivada pela
empresa, provoca comportamentos agressivos e de indiferença ao sofrimento do
outro. A exploração de mulheres e homens no trabalho explicita a excessiva
freqüência de violência vivida no mundo do trabalho. A globalização da economia
provoca, ela mesma, na sociedade uma deriva feita de exclusão, de desigualdades
e de injustiças, que sustenta, por sua vez, um clima repleto de agressividades,
não somente no mundo do trabalho, mas socialmente. Este fenômeno se caracteriza
por algumas variáveis:
ñInternalização, reprodução, reatualização e disseminação das
práticas agressivas nas relações entre os pares, gerando indiferença ao
sofrimento do outro e naturalização dos desmandos dos chefes.
ñDificuldade para enfrentar as agressões da organização do trabalho
e interagir em equipe.
ñRompimento dos laços afetivos entre os pares, relações afetivas
frias e endurecidas, aumento do individualismo e instauração do ’pacto do
silêncio’ no coletivo.
ñComprometimento da saúde, da identidade e dignidade, podendo
culminar em morte.
ñSentimento de inutilidade e coisificação. Descontentamento e falta
de prazer no trabalho.
ñAumento do absenteísmo, diminuição da produtividade.
ñDemissão forçada e desemprego.
A organização e
condições de trabalho, assim como as relações entre os trabalhadores
condicionam em grande parte a qualidade da vida. O que acontece dentro das
empresas é, fundamental para a democracia e os direitos humanos. Portanto,
lutar contra o assédio moral no trabalho é estar contribuindo com o exercício
concreto e pessoal de todas as liberdades fundamentais. É sempre positivo que
associações, sindicatos, coletivos e pessoas sensibilizadas individualmente
intervenham para ajudar as vítimas e para alertar sobre os danos a saúde deste
tipo de assédio.Obs.
Acredito que no Estado do Pará isso não acontece,
se você leitor conhece algum caso de assédio moral em outro estado da
federação. Envie-nos que teremos o maior prazer em compartilhar, esse material
foi enviado por um anônimo.
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