Artigo sobre a participação política - a política
para o jovem e para a nossa vida - O analfabeto político (Bertolt Brecht)
Nove entre dez jovens consideram a política uma atividade para
espertalhões que ganham uma fortuna para enganar o povo. Eles não deixam de ter
alguma razão. De fato, pode-se contar nos dedos os políticos que se devotam
realmente ao serviço do povo.
A reação normal de quem tem
essa visão negativa da política é ficar fora dela. No máximo comparecer para
votar, uma vez que o voto é obrigatório. Apertou o botão da urna eletrônica,
tchau! Sair voando sem saber até o nome do candidato em quem votou.
Esta atitude é a que mais
interessa aos malandros da política, pois o desinteresse leva à ignorância
política e esta é um prato feito para quem deseja praticar falcatruas com o
mandato popular.
Nestas alturas, sei que o
jovem leitor está me questionando: “OK. Você diz que eu devo me interessar pela
política. Mas o que eu perco não tendo o menor interesse por ela?”. Boa
pergunta, que merece uma resposta por partes: quem são os políticos; o que
fazem; como os safados prejudicam os cidadãos; como se pode evitar isso.
Quem são os políticos?
A palavra político, na
linguagem comum das pessoas, designa os homens e as mulheres que ocupam cargos
no Estado: vereadores, deputados, senadores, secretários de estado, ministros,
governadores e Presidente da República. Essas pessoas - são milhares delas em
todo o Brasil - têm o poder de influenciar na atuação dos órgãos do estado
brasileiro. Participam da elaboração das leis; da distribuição do dinheiro
arrecadado com os impostos; da gestão das empresas do Estado; da fiscalização
do funcionamento das repartições públicas que prestam serviço à população (SUS,
hospitais públicos, delegacias de polícia etc.).
Suspenda agora a leitura do
texto e veja se consegue identificar uma única atividade da sua vida
inteiramente fora do âmbito da política.
Não me venha com o argumento
de que o Estado não interfere na sua fé religiosa, nas suas leituras, no seu
pensamento. Interfere e muito. O Estado tem uma delegacia para fiscalizar os
cultos religiosos, e outra para manter a ordem política e social - esses órgãos
acompanham a atividade de padres, freiras, pastores, pais e mães de santo,
militantes de pastorais etc. E abrem processos contra aqueles cuja pregação
afeta a ordem estabelecida. Além disso, o Estado censura livros; peças de
teatro; filmes. E fixa, através de suas políticas econômicas, o preço desses
produtos. Quantas vezes você quis ler um livro, assistir a uma peça teatral e
não pôde por causa do preço?
Finalmente, não é exato que
você tenha uma liberdade absoluta de pensar. Você pensa com a informação que
chega ao seu cérebro. Ora, é o Estado que controla - às vezes abertamente, às
vezes indiretamente - toda a informação que chega até você.
Estar junto para entender
Não tenha, pois, nenhuma
dúvida: você perde muito, direta ou indiretamente, quando o Estado está nas
mãos de pessoas incompetentes ou desonestas, pois, de algum modo, você está
sendo prejudicado.
Daí a necessidade de interessar-se
pela política, de aprender o suficiente para entender como ela funciona e de
tomar parte efetiva na escolha dos governantes.
Não é fácil atender a essa
necessidade. A política é uma atividade bem complicada e quem participa dela
sem o conhecimento adequado corre sério risco de ser enganado. Por isso o
primeiro passo para participar consiste em entender seu funcionamento.
Ninguém consegue entender de
política sozinho. Não adianta ler jornais e acompanhar os noticiários e
comentários da rádio ou televisão. São todos enviezados. O jeito é formar um
grupo para ampliar as fontes de informação e para dispor de opiniões diversas a
respeito do significado das informações recebidas.
O grupo não irá muito além das
pernas se não se dedicar à leitura de livros teóricos que explicam o
funcionamento da sociedade e, portanto, dos partidos políticos. É através da
leitura desses livros que você aprenderá a distinguir os políticos fisiológicos
(que buscam apenas satisfazer seus apetites por dinheiro, prestígio ou poder) e
os políticos ideológicos (os que fazem política por convicção). Conhecendo as
ideologias, você pode optar pela que mais se aproxima dos valores que considera
importantes. Isso lhe fornecerá um critério para participar inteligentemente do
processo político.
Fonte
(http://www.mundojovem.com.br/artigos/por-que-participar-da-politica)
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