quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

A má imagem do político brasileiro!

                     Tem aumentado, consideravelmente, o número de eleitores que declaram votar no candidato "menos mau", e adotam essa opção para tentar evitar a vitória do "pior". Não se trata de protesto, mas da última e talvez única defesa do cidadão comum em relação aos maus políticos ou, pelo menos, àqueles que não lhes pareçam bons. É uma postura que em nada ilustra o momento político e a democracia. O ideal seria o eleitorado consciente e motivado, votando positivamente naqueles que entenda dignos, competentes e merecedores de sua confiança. A escolha na pauta da exclusão não é uma boa companheira, pois parte da premissa que o favorito não serve e de que o outro escolhido, mesmo que ganhe o certame, ainda não será o ideal.
               O desinteresse, a apatia e até a repulsa do eleitor em relação à classe política não são coisas novas no nosso país que, desde a República, viveu os sobressaltos de golpes, contragolpes, democracias e ditaduras. Desde os episódios do tenentismo, em 1922, a classe política sofre pesadas críticas. Os grupos que se alternam no poder trabalham negativamente a imagem de seus adversários e acaba restando ao povo o resíduo de que político é ruim, é desonesto, é falso e ainda padece de outros males. Durante o regime de 64, houve até a contraditória figura de indivíduos que ocupavam cargos públicos de livre nomeação mas faziam questão de se dizerem "apolíticos".
              Essa desconstrução da figura dos políticos, executada por eles próprios em relação aos seus adversários, é uma das maiores causas da má imagem que o povo faz de toda a classe. Candidatos e seus correligionários, quando atacam os adversários, conseguem fazer mal aos desafetos, mas não logram capitalizar prestígio e nem o respeito do eleitorado para si próprios. Daí a citação popular, muitas vezes repetidas inconscientemente, de que "todo político é mentiroso e ladrão".
                  O sentimento popular, embora denso e cada dia mais arraigado, não é justo e nem corresponde à realidade. Embora hajam na classe política as mais desprezíveis figuras da sociedade _ os escândalos estão aí a comprovar _ o meio também é composto por homens e mulheres da mais alta respeitabilidade e patriotismo que, apesar de sua larga folha de serviços à causa pública, sofrem com os males da generalização. É preciso reconhecer essas figuras e, partindo de seus exemplos, separar o joio do trigo para, na medida do possível, restabelecer a imagem do político brasileiro.
           Lamentavelmente, o que se tem visto nas campanhas eleitorais é o recrudescimento da desconstrução da imagem da classe. Maus perdedores veiculam irresponsavelmente informações que em nada beneficiam suas próprias campanhas, mas atingem os seus adversários. É o fermento do processo de deterioração da figura de todos aqueles que, queira ou não o povo, serão nossos próximos governantes e representantes legislativos.
                  É preciso, com toda urgência, adotar procedimentos para devolver ao povo a satisfação de votar e lançar ao passado histórico, como mau exemplo, as eleições onde o povo vota no candidato "menos mau".
Fonte (http://wp.clicrbs.com.br/doleitor/2012/09/15/artigo-a-ma-imagem-do-politico-brasileiro/)

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